sexta-feira, 20 de maio de 2016

As marionetes do Diabo




Na guerra espiritual existem apenas 2 lados e nenhum outro:

O BEM E O MAL.

Duas nuances:

A LUZ E AS SOMBRAS

Não existe meio termo... ao contrário das cores, onde o Branco e o Preto são opostos (enquanto um é a soma de todas as cores o outro é a ausência total delas), onde temos o cinza, que seria o meio termo, na batalha espiritual não existe esse "cinza".

Ou se luta pelo BEM ou se serve ao MAL.

Não dá para pensar que quando colocamos nossos gostos, simpatias ou planos pessoais, mas que "falamos" em nome de Deus, que estaremos fazendo a sua Obra.

A Obra de Deus é CLARA e é DE DEUS, não dos homens!

Em todas as ocupações, sejam elas por vocação ou não, encontraremos isso... O Policial que prende e cumpre seu dever, mas que "às vezes" recebe uma propina "inocente". O Juiz que, ao invés de julgar conforme o entendimento da Lei, julga de acordo com suas convicções pessoais. Nas igrejas não é diferente.

Mesmo que "hipoteticamente" todos os "homens de Deus" tenha recebido o chamado inicialmente, muitos eventos podem fazer com que, na verdade, acabem fazendo a obra do diabo e não de Deus.

Inveja, orgulho, antipatia, problemas particulares e tantos outros motivos acabam por promover o que chamo de "queda do engano" a esses que deveriam ser servos de Deus. Fazem suas "maldades brancas" e acham que continuam servindo a Deus, mas como eu disse antes, aquele que não serve a DEUS acaba se tornando marionete do Diabo. Não tem meio termo!

A OBRA é de DEUS, não do homem. O que fazemos tem de ser para a honra e glória de Deus, em nome de seu filho único, o Sr Jesus e não para a nossa satisfação pessoal.

Alguns podem se questionar... "Mas tem isso na Igreja?"

E como tem, e não apenas entre membros e obreiros, mas entre pastores, bispos, etc. E em qualquer das milhares de denominações.

No passado, em diversas religiões, as vestes sacerdotais serviam exatamente para tentar evitar essa queda, mas de forma equivocada. O Sacerdote, enquanto fora do "lugar sagrado" usava suas roupas normais, do dia a dia, mas quando adentrava o lugar sagrado (de qualquer religiosidade) se "revestia" das vestes sacerdotais, porque naquele exato momento ele perdia a sua característica profana e tornava-se o sacerdote.

Mas não dá prá ser "de Deus" só quando estamos na igreja. Não dá para fazermos nossas "maldades" pessoais e acharmos que ao servir a Deus apagamos essa mácula.

Nossas máculas foram perdoadas na cruz, por Jesus Cristo, mas só recebemos esse perdão quando o aceitamos INTEGRALMENTE e com isso, não voltamos a pecar.

Mas não cabe nem a mim, nem a você leitor, julgar ou condenar. Aquele que atrapalha a Obra de Deus deverá prestar contas com o Próprio Deus...e se for um "homem de Deus", pior ainda, prestará em dobro.

Que esse texto possa tocar os corações para que aqueles que ainda não conseguem realmente promover a "obra" em seus corações, o faça. E que retirem de suas mentes, corpos, coração, alma e espírito tudo aquilo que não derive de Deus.

Fiquem com Deus e que Ele os abençoe!

domingo, 15 de maio de 2016

Capítulo XVII A casa dos Bruxos e Capítulo XVIII Espíritos e Crowley



 

Capítulo XVII
A casa dos Bruxos


Início de 2002 encontrei um sobrado em Botafogo. Um segundo andar com área livre, que eu poderia construir como desejava. Assim nasceu o primeiro Templo de Brigith. Localizado no sobrado verde da Rua Conde de Irajá.

Frente do Templo de Brigith

O sucesso foi imediato. Oferecíamos o que ninguém nunca tinha oferecido. A possibilidade REAL de contato com a bruxaria e com o ocultismo. Tínhamos uma loja com produtos que ninguém tinha.
Mariah me ajudava. Enviava publicações, filmes e produtos que ninguém no Brasil sequer conhecia. Tínhamos raiz de Mandrágora verdadeira, pingentes importados, athames (adagas) feitos ritualisticamente.

Os cursos eram diversos, tendo como carro chefe o de bruxaria que eu ministrava em vários dias e
Vitrine Livraria Siciliano
vários horários. A grande promessa era de que os membros do curso seriam convidados para participarem de nossas oito festas anuais e teriam contato efetivo com a energia da bruxaria. Depois, o praticante poderia escolher a grade para a continuidade de seu desenvolvimento, que passava por Tarot, Cristais, Ervas, Radiestesia, Defesa Psíquica, Magia Elemental, e tantas outras práticas ligadas ao ocultismo. Chegamos a ter em nossa grade mais de 20 cursos funcionando simultaneamente, inclusive os de mitologia, que eram ministrados por professores pós-graduados e autores de livros de história. Eu não estava para brincadeiras. Se minha missão era de apresentar o ocultismo, que fosse de forma séria e profissional!

Logo as mazelas de uma espiritualidade desequilibrada e de “adeptos” cheios de ego, rancor e ciúmes destruiu o primeiro grupo do Água da Lua. Aqueles mesmos que começaram na corretora da Ilha do Governador se achavam prontos, se achavam soberanos e desprezavam os novos membros. O mais engraçado é que assim foi pelos outros doze anos... sempre um grupo sobrepondo-se ao outro. Os que eram oprimidos passando a oprimir os que vinham abaixo. Um ciclo de repetições.

Capa de meu Primeiro Livro
Ficamos por dois anos na Rua Conde de Irajá, quando o templo ficou pequeno. Precisávamos de mais espaço. A essa altura tínhamos cursos de Dança do Ventre, Aikido, outras danças e artesanato pagão.
Foi nessa época que lancei meu primeiro Livro, também uma direção recebida de Mariah:

“Wicca, a Bruxaria Saindo das Sombras” e o sucesso foi imediato. O Lançamento aconteceu na Livraria Siciliano no Barra Shopping e na época foi um sucesso de Vendas.

Fui à busca de novo endereço. Encontrei o local perfeito! Um casarão na Rua Real Grandeza com três andares e ampla área. Foi nesse ano de 2004 que nos mudamos para o que seria definitivamente o Maior Centro de Estudos de Ocultismo do Brasil.

O espaço era tanto que propusemos a uma aluna que nos fornecia artigos de prata importados que fizesse seu atelier chamado ARGENTUM na estrutura, e propusemos a criação de um restaurante temático a sacerdotisa que trabalhava comigo, que, aliás, foi minha primeira iniciada. Talvez numa nova obra eu escreva sobre aqueles que iniciei e toda a minha decepção com os mesmo... mas não é a intenção do atual livro.

Evidentemente que na última hora acabei assumindo a responsabilidade de toda a estrutura, e com isso também nasceu a Taberna Greenman, nosso restaurante temático, com pratos inspirados no Paganismo Irlandês.


Um pouco antes da mudança para o novo Templo de Brigith, dois acontecimentos viriam a marcar minha vida: Eliane começaria a trabalhar com os Espíritos e eu viria a conhecer meu instrutor na ASTRVM ARGENTVM de Aleister Crowley.
Lançamento de meu Livro na Bienal Rio Centro

Lançamento e autógrafos Livro Wicca a Bruxaria Saindo das Sombras
Gravação do DVD Wicca a Religião das Bruxas








Capítulo XVIII
Espíritos e Crowley

  
Quando percebemos que a casa da Rua Conde de Irajá estava pequena, fui apresentado pelo amigo ocultista C.R, aquele que viria a ser meu instrutor na filosofia thelêmica de Aleister Crowley, a besta do Apocalipse, o Pior homem do Mundo.

Aleister Crowley
Frater QVIF 196 era um policial Civil com um conhecimento excepcional sobre absolutamente TUDO. Falava línguas, era egiptólogo, um dos mais graduados estudantes da filosofia thelêmica no País, tinha tido contato direto com Marcelo Ramos Motta (Frater T.) e Euclides Lacerda (Frater Thor), maiores autoridades em Thelema no Brasil. Frater QVIF ainda era um Bispo Gnóstico, Maçom e membro de outras ordens, as quais nunca tinha tido contato direto. Era tudo o que eu queria para reavivar minha sede de conhecimento.

Imediatamente, graças aos gostos em comum, formou-se uma grande e verdadeira amizade e através de Frater QVIF comecei a conhecer Aleister Crowley e sua filosofia.
Mas quem foi Aleister Crowley?
Aleister Crowley foi sem sombra de dúvida o maior mago do século XX. Suas explorações no campo das drogas e do sexo são enfatizadas em demasia por quase todas as pessoas que se põe a falar sobre ele. Essa sua faceta poderia ser explicada (talvez até possa ser justificada) como uma fuga genial da pútrida sociedade ultra puritana em que foi criado. 
O protestantismo vitoriano foi uma das manifestações mais repressoras de que já se teve notícia e Crowley, juntamente com alguns artistas de vanguarda de sua época teve a ousadia de se colocar contra todo esse sistema de valores e criar um sistema próprio, que por pior que fosse era melhor do que o sistema estabelecido. 
Aleister Crowley
A mente de Crowley, um misto de Nietzsche e Rabelais, com uma estética egípcia e um negro senso de humor, era de certa forma, inescrutável. Apesar de freudianamente seus complexos serem óbvios, lendo Crowley nunca se tem certeza do que ele realmente quis dizer. Ele brincava com o leitor, geralmente o superestimando (principalmente nos primeiros livros, cheios de referências obscuras imprescindíveis para a compreensão da obra). Apesar disto escreveu excelentes poesias, mas que de forma alguma superaram o interesse do mundo na história de sua vida, atribulada, trágica e cheia de aventuras como foi, por si só uma obra de arte. 
Crowley nasceu em 1875, filho de um pastor de uma seita fundamentalista protestante, que também era dono de uma fábrica de cerveja. Seu pai morreu cedo, deixando boas lembranças no menino, mas sua mãe, segundo ele, era uma "estúpida criatura", e as brigas da adolescência logo fizeram com que sua mãe o chamasse de "Besta", apelido que adotou posteriormente e que lhe trouxe boa parte da fama. 
Na escola se mostrou brilhante e obediente, até que foi culpado injustamente de um pequeno delito e foi posto de castigo, a pão e água, o que piorou sua já fraca saúde (tempos depois lhe receitariam heroína para a asma, substância que usou até os setenta e dois anos de idade, quando morreu de parada cardíaca). Crowley nunca se esqueceu desse tratamento, e desde menino começou a achar que havia algo de errado com o "senso comum" da época. Decidiu ser um homem santo, e cometer o maior pecado, como em uma lenda dos Plymouth Brothers (culto de seu pai) que afirmava que o maior santo cometeria o maior pecado. 
Na Universidade Crowley finalmente se encontrou. Com muito dinheiro (da herança de seu pai) e livre da
Crowley Na Golden Down
repressão da família, exerceu todas as atividades pelas quais ficou conhecido: alpinismo, poesia, enxadrismo, sexo e magia, e, dizem, foi excepcional em cada uma delas. Crowley travou contato com a Golden Dawn, uma ordem pseudo-maçonica de prática ritualística e iniciatória que esteve em seu auge no fim do século passado, quando Crowley a frequentou. Subiu rapidamente pelos graus da ordem, mas foi barrado por um grupo de pessoas que chegaram a afirmar que a "ordem não era um reformatório". Crowley era desconsiderado pelos intelectuais e desprezado pela burguesia, fato que o pode ter levado a suas inúmeras viagens e expedições de alpinismo. 
Crowley pode parecer extremamente arrogante e narcisista em seus escritos, mas isso não parece ser verdade, se examinamos sua vida a fundo. Ele sempre buscou o reconhecimento e aprovação das pessoas, e quando notou que isso não era possível, mantendo sua crítica atroz aos absurdos do puritanismo inglês, ele resolveu aparecer fazendo escândalos, reais ou falsificados, ao estilo do estereótipo "falem mal, mas falem". Mesmo assim em sua autobiografia ("Confessions of Aleister Crowley") ele se mostrou extremamente magoado quando a imprensa marrom inglesa (conhecidíssima até hoje e abominada pela família real inglesa) inventava alguma coisa absurda e terrível ao seu respeito, como em uma ocasião em que o acusaram de comer carne humana na expedição ao monte K2. 
Crowley mais Idoso
A Golden Dawn recusou iniciação a Crowley, mas seu chefe, McGreggor Mathers não. Talvez interessado no dinheiro do jovem Aleister Crowley ele o iniciou, e logo se tornou um mestre para Crowley. 
Seus trabalhos mágicos e estudos místicos o levaram as mais diversas partes do mundo, experimentando com todas as formas de catarse e intoxicação, que considerava como bases da religião. Mas pouco a pouco se distanciava de Mathers, que a essa altura já havia se proclamado em contato direto com os "mestres" que regem a terra, e com isso seu autoritarismo se tornou insuportável. Crowley foi o único a defendê-lo até o final, quando percebeu que tudo não passava de uma farsa. 
A crença de que existe um grupo de iniciados secretos que carregam o conhecimento humano e são os verdadeiros "chefes" da terra é compartilhada no sentido estritamente literal por muitas pessoas e seitas. Crowley aceitou essa ideia de uma forma ou de outra até o fim da vida, mas empregou diversas interpretações para estas entidades, algumas baseadas na psicologia (recém-estabelecida como uma ciência por Freud, na mesma época). 
Mas, desiludido com a Golden Dawn, passou alguns meses afastado da magia, e pouco a pouco se reaproximou, trabalhando sozinho. 
Marcelo Ramos Motta
Então numa viagem ao Cairo em 1904, recém-casado, sua esposa começou a falar algumas coisas estranhas das quais ela não poderia ter conhecimento. Ela o mandou invocar o deus Hórus. 
Dessa invocação surgiu um texto pequeno, de três capítulos, intenso e esquisito, ditado por um dos "ministros" da forma de Hórus conhecida por "Hoor-Paar-Kraat", Harpócrates, Hórus, a criança. Aiwass era o nome dessa entidade, depois reconhecida como o Sagrado Anjo Guardião do próprio Crowley. Com isso três coisas estão subentendidas: Aiwass era um dos "mestres" que regiam o presente Éon, dedicado ao Deus Hórus, seu mentor; era também uma entidade não totalmente separada de Crowley, embora devesse ser tratado como tal, alguns poderiam dizer que ele era o self junguiano de Crowley (mesmo ele reconheceu isso), outros, maldosamente, que era sua Sombra (termo que em psicologia junguiana designa a parte de nós que reprimimos e que contém aquilo que temos medo de admitir); Crowley demorou cerca de cinco anos para acatar o que o texto dizia. Uma das profecias previa a morte de seu filho, que acabou por morrer mesmo, de doença desconhecida. 
Quando finalmente aceitou o Livro da Lei estava em contato com um corpo germânico de iniciados, que em outro livro dele ("The Book of Lies") encontraram um segredo de magia sexual que pensavam ter o monopólio no ocidente. Nem Crowley havia entendido o que tinha escrito, mas aceitou mesmo assim uma alta posição hierárquica na Ordem. Era a Ordo Templi Orientis, que até hoje detém os direitos sobre os textos de Crowley posteriores a 1910. 
A O.T.O. existe até hoje (ou melhor, existem, visto que houve cisões e brigas e etc, que somando com os charlatães, devem somar mais de 30 O.T. Os., por alto. A maioria clama legitimidade.) 
Crowley perdeu muito dinheiro publicando seus próprios livros e os vendendo a preço de banana. E a incompetência de um tesoureiro da O.T.O., que perdeu um galpão cheio de livros num lance mal entendido até hoje, acabou causando sua bancarrota final. 

Além da O.T.O. que tinha bases maçônicas, Crowley criou um corpo próprio, designado como A.:.A.:.., esse
Euclydes Lacerda - Frater Thor
corpo, muito mais velado, deveria servir como que "escola de treinamento" para os possíveis "mestres" da humanidade. 


Crowley sobreviveu de doações e venda de livros até o fim da vida. E morreu em relativa miséria, ainda viciado em heroína, pouco tempo depois de terminar seu último trabalho, um livro sobre o Tarô que Lady Frieda Harris havia pintado com suas indicações. Um baralho magnífico.
Para mim, que estudava o ocultismo por toda uma vida, encontrar um novo manancial como a filosofia e ordens de Crowley, era tudo o que se desejava.
Imediatamente comecei a estudar a fundo Thelema. Sob a supervisão de Frater QVIF, adentrei a ASTRVM ARGENTVM, braço filosófico de Crowley, e em pouco tempo galguei alguns degraus dessa ordem.
Graças a minha amizade e dedicação a Frater QVIF, comecei a receber do mesmo as instruções especiais, assim como cópias de toda a documentação referente à história de Thelema no Brasil. Assim, passei a ser o 5º na linhagem que derivava de Marcelo Ramos Motta no Brasil, sendo ela a seguinte: Aleister Crowley, Marcelo Motta, Euclydes Lacerda, Frater QVIF e eu.
Adotamos no novo Templo de Brigith os cursos de Tarot de Thot, Magia Thelêmica Kabbalah e tantos outros que tinham referência a Crowley. Eu mesmo, nesse momento, comecei a traçar paralelos entre os trabalhos de Aleister Crowley e Gerald Gardner.
Mas nem tudo eram flores nessa época. Foi nesse período em que Eliane, profundamente envolvida com o Ciganismo (era uma aficionada pelo Baralho Cigano e pela cultura daquele Povo), após traçar sua ancestralidade e descobrir que tinha origens nesse povo, abandonou definitivamente o catolicismo e me fez um pedido: Queria tornar-se uma médium!
Até hoje me arrependo de ter aceitado seu pedido...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Capítulo XV Conhecimento é Poder? e Capítulo XVI Novos Rumos




Capítulo XV
Conhecimento é Poder?



Minha trajetória maçônica também foi marcada por ocorrências fora do comum. Os dois primeiros anos, até que alcançasse a plenitude maçônica (vista como o 3º grau simbólico, o de Mestre Maçom) foram marcados por vindas ao RJ todas as sextas feiras e eventualmente em outras datas marcadas. Muitos trabalhos simbólicos, muitas apresentações e muito estudo do ritual... mas tudo isso quase sem nenhum acompanhamento ou direção formal. A maçonaria, ao menos no rito ao qual pertencia nos ensinava através da repetição. Os símbolos presentes numa loja maçônica iam sendo desvendados paulatinamente. E eram muitos.

Aliás, para os que nada sabem sobre maçonaria, soa estranho o nome LOJA. Até mesmo aos maçons deveria soar estranho. Na verdade é apenas uma corruptela do Inglês LODGE, que significa estalagem, ou ainda taberna.

Fato é que, no passado, motivados pelas diversas perseguições pelas quais a maçonaria passou, seus membros costumavam realizar suas reuniões em locais diversos, sem um local fixo. Assim, escolhiam as tabernas para seus ritos. Dai a palavra LODGE ter sido erroneamente traduzida para LOJA em nosso idioma natal.

Fazendo uma pequena pausa em meu relato, é importante explicar ao leitor leigo a importância do Rito Adonhiramita, rito no qual, não por acaso do destino, eu tinha sido iniciado.

Devido ao tradicionalismo e importância desse rito, ele se diferencia dos demais ritos mundiais até nas vestimentas. Enquanto o maçom mais comum, ou aquele que é ligado ao rito chamado de Escocês Antigo e Aceito se veste com o terno preto, gravata preta e camisa branca, podendo até usar um “balandrau” (tipo de veste que cobre as roupas profanas, sem a necessidade do terno), os Adonhiramitas só podem participar de uma reunião se estiverem completamente trajados dentro do rito: Terno preto, camisa branca, gravata branca (que simboliza o ponto de luz dentro das trevas humanas), luvas brancas (uma vez que as mãos profanas não são dignas de tocar o ambiente maçônico) e chapéu. Além é claro do avental do rito e da faixa também utilizada apenas nesse rito pelos Mestres Maçons. Aprendizes e companheiros, respectivamente os 1º e 2º graus não usam a faixa e o chapéus... aliás, sequer são permitidos a falar dentro do templo.

Vamos à explicação sobre o Rito Adonhiramita:

A Maçonaria Adonhiramita surgiu com a publicação, em 1744 da primeira edição e, logo a seguir, a
segunda edição, em 1747, do trabalho de Louis Travenol, que com o nome de Leonardo Gabanon, mandou imprimir o seu “CATECHISME DE FRANC MAÇONS ou LE SECRET DES FRANC MAÇONS” (Catecismo dos Franco- Maçons ou O Segredo dos Franco-Maçons) onde imputava o nome de Adonhiram sobre o qual o grau de Mestre devia ser fundado, trocando-o pelo de Hiram.

Em 1780 foi republicado, na França, o “Catechisme de Franc-Maçons” por outro autor que quase nada acrescentou ao já existente, sem citar o nome do autor das primeiras edições, fato que veio provocar grande irritação em um eminente historiador da época, que usando o nome histórico de Louis Guilleman de SAINT-VICTOR procurou produzir algo sério. Após exaustivos estudos e pesquisas sobre as religiões e os mistérios da antiguidade, escreveu em 1781 a “Recueil Precieux de la Maçonnerie Adonhiramite” (Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita) publicada a primeira parte em 1782 abrangendo os quatro primeiros graus.

Em 1787, na Filadélfia (USA) a Editora Philarethe, situada a rua I’Equerre Aplomb, publicou, em francês, as duas edições do Recueil Precieux de la Maçonnerie Adonhiramite, edição esta, que tornou-se a “BÍBLIA” dos Maçons Adonhiramitas.

A partir desta edição, o Rito Adonhiramita teve ampla expansão na Europa, particularmente na França, sua terra de origem, e de onde se difundiu para Portugal, chegando a dominar o Grande Oriente Lusitano e exportando a todas suas Colônias.

Todavia sua predominância foi efêmera, passando a desvanecer-se pouco a pouco, não só em consequência da dispersão de seus praticantes, engalfinhados em lutas partidárias, como também devido a uma série de eventos políticos que repercutiram danosamente contra as organizações maçônicas de então.

O RITO NO BRASIL

No Brasil o Rito Adonhiramita foi introduzido regularmente em 1801 com a fundação da Loja Reunião e consolidada em 15 de novembro de 1815, data da fundação da Loja Comercio e Arte, por Maçons obedientes ao Grande Oriente Lusitano.

Foi, portanto, o primeiro Rito a desenvolver-se regular e continuadamente no Brasil onde foi e é praticado, ininterruptamente, até os dias de hoje. A Instalação definitiva da Loja Comercio de Artes, ocorreu no dia 2 de junho de 1821. Nesta mesma data, os seus Obreiros, preocupados com a criação de uma entidade maçônica de caráter nacional, cogitaram desmembrá-la para fundarem mais duas Lojas: a Esperança de Niterói e a União e Tranquilidade. Compondo, destarte, um quadro de três Oficinas - Base, àqueles Irmãos estavam preparando as condições propícias para o nascimento do grande oriente brasílico que seria o baluarte de nossa Independência, de que foi artífice e fiadora a Maçonaria Adonhiramita, embora, as duas Lojas filhas só seriam fundadas quando da criação do Grande Oriente, em 1822, quando adotaram o Rito Moderno por ser o Rito adotado pelo Grande Oriente de França.

D. Pedro e a maçonaria. A iniciação de D. Pedro contribuiu fortemente para o processo de emancipação brasileira e isto interessava à Maçonaria como também interessava a D. Pedro estar apoiado pelos Maçons, já que formavam à época uma forte corrente política.
Após terem obtido a adesão dos irmãos de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, aqueles maçons resolveram fazer um apelo a D. Pedro para que permanecesse no Brasil e que culminou, como se sabe, com a celebre:
“como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”.
Entretanto, não parou ai os trabalhos dos maçons. Teve início, logo em seguida, um movimento coordenado entre os irmãos de outras províncias brasileiras objetivando promover a Independência do Brasil.
Em 09 de janeiro de 1822, o conhecido episódio do “Fico” teve a inspiração e liderança dos Maçons José Joaquim da Rocha e José Clemente Pereira. “O Príncipe Regente recebeu três documentos feitos sob inspiração e liderança maçônica rogando por sua permanência no Brasil em descumprimento dos Decretos nº 124 e 125 das Cortes Portuguesas.
O documento paulista foi redigido por José Bonifácio de Andrada e Silva, o documento dos fluminenses foi redigido pelo Frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, orador da Loja “Comércio e Artes” e o documento dos mineiros foi liderado por Pedro Dias Paes Leme. No Convento “da Ajuda, na cela do Frei Sampaio reuniam-se os líderes do movimento”.
Este fato pitoresco de Maçons, de reunirem-se em segredo num Convento tem conotação com as reuniões que hoje são realizadas nas Lojas Maçônicas, guardadas as devidas proporções.
Decidida a questão do “Fico”, acentua-se o processo de discussão e sob a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo a Maçonaria decide, por proposta do brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, outorgar a D. Pedro o título de “Defensor Perpétuo do Brasil”.
Tão logo foi fundado o Grande Oriente Brasílico José Bonifácio de Andrada e Silva foi escolhido como Grão Mestre e Joaquim Gonçalves Ledo como Primeiro Grande Vigilante. Havia, no entanto uma luta ideológica entre os Grupos de Bonifácio e de Ledo.
Depois dessa explicação, o leitor verá a importância desse rito Maçônico que sempre influenciou a história de nosso País, desde antes de sua Independência.
Naquela tarde de Domingo, retornei a minha casa, já como um maçom. Imediatamente telefonei para meu pai, que mora numa cidadezinha do Sul do Pará e, me identificando com as palavras maçônicas, dei ciência a ele de minha iniciação.
Mais uma vez percebi que não existia o destino. Ao perguntar a meu pai qual seria seu rito, recebi a seguinte resposta:
- Meu filho, você não deve conhecer. É um rito muito tradicional e não existem muitas lojas dessa vertente maçônica. Sou membro do Rito Adonhiramita.

Diante da resposta, gelei ao telefone. Mais uma vez forças indeterminadas agiam em minha vida e mostravam que nada, absolutamente nada é coincidência!



Capítulo XVI
Novos Rumos


 A maçonaria se divide em duas vertentes:

Maçonaria simbólica – essa vertente compreende os três primeiros graus da ordem. Um maçom pode chegar ao 3º grau, sua plenitude maçônica e não caminhar mais na Ordem.

Maçonaria filosófica – compreende dos graus 4 ao 33 e complementa (de certa forma) a história maçônica, remetendo as passagens do Antigo Testamento bíblico.

Eu tracei meu caminho normalmente pelos três primeiros graus, ou seja, através da maçonaria simbólica.

Logicamente em minha busca pelo conhecimento, segui pelos graus filosóficos, chegando ao grau 18 (Cavaleiro Rosa Cruz), mas logo tive minhas decepções.

Absolutamente TUDO o que me era passado nesses ditos graus filosóficos já me era conhecido. Nada mais me acrescentava. Com isso, o desejo pelo conhecimento foi arrefecido no que dizia respeito à maçonaria.

Já era o ano de 2001 e mais uma vez encontrava-me enfadado no que dizia respeito ao conhecimento oculto. A única novidade em minha vida era meu casamento com Eliane, minha amada esposa e mãe de meus dois filhos, Eduarda e Felipe. Continuava como Superintendente da Seguradora, e agora o mais jovem e mais graduado Superintendente desse grupo. Havia retornado ao Rio de Janeiro há três anos e a vida continuava recheada de rituais e experiências mágicas.

 A essa altura já tinha lido tudo o que valia a pena ser lido. Já conhecia a maioria das personalidades Nacionais, e mesmo algumas internacionais no meio ocultista. Já fazia parte de outras ordens como a FellowShip of Isis, uma ordem Internacional de estudos que enfoca nas deidades femininas.



Também já era o único membro Brasileiro da Ord Brighideach, os guardiões da chama de Brigit, Deusa matriarca da Irlanda entre os Celtas da antiguidade.

Tinha amizades com Rowan Fairgrove e Don Frew, a primeira uma das principais sacerdotisas do Covenant of the Goddess e o último, um amigo pessoal de Gerald Gardner. Esse conhecimento me proporcionaria a oportunidade de ser o único Brasileiro jamais convidado a palestrar sobre bruxaria no PantheaCon, o maior encontro de Paganismo do Mundo, realizado anualmente em San José na California. Rowan Fairgrove e Don Frew viriam ao Brasil alguns anos depois e passaram uma semana comigo no meu centro de estudos, o Templo de Brigith.


Não era raro receber essas figuras internacionais, o que me validava a cada dia como um dos únicos bruxos verdadeiros do Brasil, já que nessa época a bruxaria, antes quase secreta, tornava-se uma moda, até com participações em novelas da maior rede de televisão do Brasil. Uma dessas figuras foi à sacerdotisa Thorn, herdeira de Victor Anderson, criador e dirigente da Feri wicca, uma das mais polêmicas tradições da bruxaria.

Mas ainda era o ano de 2001, e em seu final, motivado por problemas que minha esposa tinha com a Seguradora para quais ambos trabalhávamos, comecei uma nova empreitada comercial, saindo da seguradora e indo auxiliar minha esposa em sua corretora de seguros.

Aquela vida de executivo também já não me agradava mais, a única coisa que me motivava eram as aulas de Bruxaria que dava gratuitamente aos finais de semana.

Essas aulas começaram por ordem de Mariah. Segundo minha iniciadora era hora de divulgar e de fazer crescer a tradição no Brasil. Não adiantaria nada ser uma tradição de um só homem. Eu aproveitava a estrutura gigantesca da corretora, com seus mais de 400m2, salas de aula e conforto.

Por ordem de Mariah, criei na internet uma lista de discussões chamada “Diário de um Bruxo”, lista essa que foi um diferencial no paganismo nacional na época. Eram milhares de pessoas discutindo assuntos relacionados ao ocultismo e verdadeiras aulas de conhecimento oculto com planejamento e estratégias definidas. Depois de um tempo, o primeiro grupo de Estudos começaria a funcionar aos sábados e domingos aqui na Ilha do Governador.

É importante ressaltar que Eliane era católica na época, e como mulher de opinião e atitude, jamais se interessou em ocupar posição junto ao meu sacerdócio, ou em converter-se a bruxaria. Respeitava minhas escolhas e apoiava, mas tinha suas próprias crenças. Infelizmente essas crenças não resistiriam por muito tempo mais.

Como eu disse apenas as aulas de bruxaria me motivavam. O primeiro grupo era interessado e éramos em 15 pessoas. Fizemos os primeiros rituais nas praias do Recreio dos Bandeirantes e o grupo foi crescendo e batizado como “Água da Lua”.
Por razões comerciais e de estratégia, eu e Eliane resolvemos nos focar comercialmente apenas em empresas, abandonar o trabalho com pessoa física. Com isso, nos mudamos para duas salas num shopping, o que fez com que os cursos dessem uma paralisada. O grupo em desespero resolveu alugar uma sala para a continuidade do desenvolvimento na bruxaria, mas queriam que eu fosse o responsável por esse aluguel. Eu sentia que tinha de ser algo maior, um pensamento me levava a querer algo grande... e assim surgiu o Templo de Brigith.