Ainda me recordo de 1979... cada
passo que dava aos 10 anos de idade, indo para o curso de inglês que ficava na
Av. Nossa Senhora de Copacabana, no prédio de uma das mais famosas papelarias
do Rio de Janeiro. Eu morava a apenas seis quarteirões do curso e fazia o mesmo
caminho três vezes por semana.
Sendo bem sincero, quando somos
novos, por vezes vemos as oportunidades que nos são ofertadas como obrigações,
e mesmo as cumprimos como obrigações. Assim era para mim, ter de estudar inglês
aos 10 anos de idade.
Certo dia, chegando mais cedo ao
curso, sem ter muito que fazer, descobri que nessa escola de idiomas existia
uma biblioteca gigantesca, muito bem montada e com milhares de livros, sobre
milhares de assuntos diversos. Não me recordo como, mas fui parar numa prateleira
com a qual fiquei encantado, o tema era OCULTISMO. Eram livros que iam desde a
parapsicologia até discos voadores.
Eu, um menino de dez para onze
anos, perdido em meio a todos aqueles assuntos desconhecidos. Sentia-me mais ou
menos como alguém que atualmente, entra pela primeira vez na internet e
descobre o Google. Ou seja, me senti com a oportunidade de conhecer muito sobre
assuntos que poucos discutiam, poucos conheciam, e que aguçava a curiosidade de
uma mente jovem e inquieta.
Comecei a chegar todos os dias mais
cedo. Inicialmente uma hora. Depois comecei a chegar com duas horas de
antecedência as minhas aulas. Depois me cadastrei na biblioteca e costumava
levar três livros diferentes para casa em dias intercalados.
Naquela época li sobre a bruxaria,
telecinesia, telepatia, tarot, projeção astral, vampirismo, espíritos,
ordens...enfim, toda a gama de assuntos ocultos, principalmente a um jovem no
início de sua vida. Seis meses depois de descobrir aquela fonte de
conhecimentos, os pensamentos borbulhavam em minha pequena mente.
Sempre tive uma mente criativa no
que se referia ao inexplicável. Ainda muito novo (não me recordo com quantos
anos), o conceito de Deus para mim era muito simples: Se Deus era enorme, todo
poderoso, só poderia ser um gigante. E nós, os seres vivos deveríamos ser como
células dentro de um corpo enorme. Então, quando eu subia num elevador, para
mim era como se estivesse subindo ao longo da perna de Deus. Mas para mim, que
descendia da união ancestral de católicos italianos e irlandeses pagãos, também
existia uma forte presença feminina no que se refere a Deus. Enquanto a maioria
das crianças conhecia apenas o conceito de “Papai do Céu”, para mim também
existiria uma “Mamãe do Céu”.
Foi então que, precisando por
para fora de minha mente aquela gama de conhecimentos, precisando de alguma
forma coordenar tudo o que tinha lido em conclusões e pensamentos ordenados,
consegui “pegar emprestado” o gravador de fita K7 de minha avó, que o guardava
a sete chaves e com um ciúme enorme. E assim nasceu o primeiro tratado de
ocultismo de um jovem de apenas onze anos de idade, já influenciado por alguma
força invisível, todo ditado naqueles gravadores que, só quem é um pouco mais
velho como eu, é capaz de se lembrar, com a tecla REC na cor azul clara.
Mesmo depois desse tratado de
ocultismo precoce, continuei estudando nesse curso de inglês até meus dezessete
anos de idade, e também continuaram meus estudos, agora não apenas através
daquela biblioteca, mas através de toda e qualquer fonte de leitura que me
chegasse às mãos.
Naquela época não tínhamos a
internet. Particularmente considero a internet muito mais um mal (necessário)
do que um bem. Com suas redes sociais desagregando casamentos, provocando
intrigas... com sua pornografia absolutamente liberada, que acaba fazendo com
que nossos jovens sub participem da vida, vivendo de forma virtual suas
amizades, seus conhecimentos, suas experiências. Isso sem contar a quantidade
de conteúdo deturpado e ensinamentos errados serem a maior parte do material
que se encontra em fontes duvidosas que se espalham e nascem aos milhares
diariamente no ambiente virtual. Mas como eu disse, é um mal necessário.
Uma vez que vivemos em sociedade,
não consigo imaginar a vida sem internet para enviar e receber e-mails, ou
simplesmente para saber um endereço, visto que o antigo Guia Rex atualmente é
um dos dinossauros extintos pela era cibernética. Então, hoje encontramos
milhares de ocultistas de Google, sacerdotes de blogs e místicos de rede
social. Mas não pense o leitor que o fato de muito ser o conhecimento atual
(certo ou errado) e pouco prático, que essa facilidade de conhecimento não
traga tantos ou maiores problemas do que eu tive em meu passado. Sim, porque o
MAL trabalha principalmente na mente, e assim é com o estudante de ocultismo. O
Mal inocula ideias, forma certezas, muda conceitos e, mais cedo ou mais tarde,
isso tudo vai repercutir na vida nos demais planos de existência. A mente
profanada pelo Mal há de trazer o mal também para o físico, seja com doença ou
com práticas que são abominações aos olhos de Deus.
Aqueles foram dias difíceis para
mim. Como crescimento de meu conhecimento, sentia vontade de dividir o que
aprendia, mas estudava num dos melhores colégios do Rio de Janeiro, um colégio
profundamente Católico, com suas regras e procedimentos. Eu passava quase o dia
inteiro na modalidade semi-interno nessa escola. Entrava por volta das 8:00 da
manhã e saia por volta das 17:00. Se por um lado a escola era profundamente
católica, seus alunos, jovens e como a maioria dos jovens, revoltados com o
sistema, eram absolutamente abertos ao oculto.
Rapidamente me tornei uma espécie
de celebridade do submundo na escola. Era procurado por alunos de séries mais
avançadas que a minha, que buscavam respostas para questões simples como a
existência de fantasmas (essa foi a famosa época da “mulher loira do banheiro”)
ou das capacidades mentais em ver passado ou futuro. Meus recreios eram
divididos entre as brincadeiras de qualquer adolescente normal e das rodinhas
escondidas para conversas sobre o ocultismo.
É claro que também existia nessa
época uma perseguição velada de alguns alunos, que viam nosso grupo de debates
como verdadeiros demônios. Afinal, estávamos em um colégio Beneditino, só para
rapazes, e muitos deles vinham de uma tradição onde seus pais também tinham estudado
tomado os primeiros sacramentos do catolicismo e mesmo se formado naquela
escola. Então, qualquer um que pudesse aventar qualquer assunto que colocasse
em dúvida as crenças aprendidas diretamente dos monges com suas vestes negras
durante as aulas de religião, seria uma verdadeira heresia.
Mas eu era assim mesmo, fui um
verdadeiro cético. Um Tomé bíblico moderno, que só cria no que via e tocava. E
já saia do campo intelectual para o prático no campo do oculto. Experiências
como as do “copo” ou tabua ouija já chegavam a ser ridículas, e eu precisava de
mais. Precisava ver escutar, tocar para crer.
E assim foi...
(DIA 15 TEM MAIS)
está tão bom que esperar 15 dias é muito tempo rsrsrs. Parabéns!
ResponderExcluirVocê gostou?
ResponderExcluirSim...
ExcluirAchei interessante,o fato de aos 10 anos de idade,ter sido despertado no senhor,o interesse por esse tema.Pois acho o ocultismo um tema muito complexo,ainda mais para uma criança!
Sim, mas os capítulos são curtos, outros poderiam ser liberados.
ResponderExcluirValéria, a medida que o livro se aprofunda, os capítulos ficam mais longos...se colocar tudo de uma vez, se perde, e fica sem graça... dia 15 tem mais
ExcluirDegustei cada palavra. Que experiência incrível... até o dia 15...
ResponderExcluirEulina
Vai gostar muito mais dos próximos capítulos. Obrigado pelo retorno.
ExcluirBoa noite sr fabiano gostei muito bom vou aguardar o proximo capitulo
ExcluirFeito para vocês!
ExcluirNossa adorei,estou anciosa para chegar dia 15. Pensei que o livro estava a venda.
ResponderExcluirQue Deus continue te usando.
Um grande abraço
Aproveito para pedir que ore por minha maezinha.