segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Capítulo II Era uma vez...



Ainda me recordo de 1979... cada passo que dava aos 10 anos de idade, indo para o curso de inglês que ficava na Av. Nossa Senhora de Copacabana, no prédio de uma das mais famosas papelarias do Rio de Janeiro. Eu morava a apenas seis quarteirões do curso e fazia o mesmo caminho três vezes por semana.

Sendo bem sincero, quando somos novos, por vezes vemos as oportunidades que nos são ofertadas como obrigações, e mesmo as cumprimos como obrigações. Assim era para mim, ter de estudar inglês aos 10 anos de idade.

Certo dia, chegando mais cedo ao curso, sem ter muito que fazer, descobri que nessa escola de idiomas existia uma biblioteca gigantesca, muito bem montada e com milhares de livros, sobre milhares de assuntos diversos. Não me recordo como, mas fui parar numa prateleira com a qual fiquei encantado, o tema era OCULTISMO. Eram livros que iam desde a parapsicologia até discos voadores.

Eu, um menino de dez para onze anos, perdido em meio a todos aqueles assuntos desconhecidos. Sentia-me mais ou menos como alguém que atualmente, entra pela primeira vez na internet e descobre o Google. Ou seja, me senti com a oportunidade de conhecer muito sobre assuntos que poucos discutiam, poucos conheciam, e que aguçava a curiosidade de uma mente jovem e inquieta.
Comecei a chegar todos os dias mais cedo. Inicialmente uma hora. Depois comecei a chegar com duas horas de antecedência as minhas aulas. Depois me cadastrei na biblioteca e costumava levar três livros diferentes para casa em dias intercalados.

Naquela época li sobre a bruxaria, telecinesia, telepatia, tarot, projeção astral, vampirismo, espíritos, ordens...enfim, toda a gama de assuntos ocultos, principalmente a um jovem no início de sua vida. Seis meses depois de descobrir aquela fonte de conhecimentos, os pensamentos borbulhavam em minha pequena mente.

Sempre tive uma mente criativa no que se referia ao inexplicável. Ainda muito novo (não me recordo com quantos anos), o conceito de Deus para mim era muito simples: Se Deus era enorme, todo poderoso, só poderia ser um gigante. E nós, os seres vivos deveríamos ser como células dentro de um corpo enorme. Então, quando eu subia num elevador, para mim era como se estivesse subindo ao longo da perna de Deus. Mas para mim, que descendia da união ancestral de católicos italianos e irlandeses pagãos, também existia uma forte presença feminina no que se refere a Deus. Enquanto a maioria das crianças conhecia apenas o conceito de “Papai do Céu”, para mim também existiria uma “Mamãe do Céu”.

Foi então que, precisando por para fora de minha mente aquela gama de conhecimentos, precisando de alguma forma coordenar tudo o que tinha lido em conclusões e pensamentos ordenados, consegui “pegar emprestado” o gravador de fita K7 de minha avó, que o guardava a sete chaves e com um ciúme enorme. E assim nasceu o primeiro tratado de ocultismo de um jovem de apenas onze anos de idade, já influenciado por alguma força invisível, todo ditado naqueles gravadores que, só quem é um pouco mais velho como eu, é capaz de se lembrar, com a tecla REC na cor azul clara.

Mesmo depois desse tratado de ocultismo precoce, continuei estudando nesse curso de inglês até meus dezessete anos de idade, e também continuaram meus estudos, agora não apenas através daquela biblioteca, mas através de toda e qualquer fonte de leitura que me chegasse às mãos.
Naquela época não tínhamos a internet. Particularmente considero a internet muito mais um mal (necessário) do que um bem. Com suas redes sociais desagregando casamentos, provocando intrigas... com sua pornografia absolutamente liberada, que acaba fazendo com que nossos jovens sub participem da vida, vivendo de forma virtual suas amizades, seus conhecimentos, suas experiências. Isso sem contar a quantidade de conteúdo deturpado e ensinamentos errados serem a maior parte do material que se encontra em fontes duvidosas que se espalham e nascem aos milhares diariamente no ambiente virtual. Mas como eu disse, é um mal necessário.

Uma vez que vivemos em sociedade, não consigo imaginar a vida sem internet para enviar e receber e-mails, ou simplesmente para saber um endereço, visto que o antigo Guia Rex atualmente é um dos dinossauros extintos pela era cibernética. Então, hoje encontramos milhares de ocultistas de Google, sacerdotes de blogs e místicos de rede social. Mas não pense o leitor que o fato de muito ser o conhecimento atual (certo ou errado) e pouco prático, que essa facilidade de conhecimento não traga tantos ou maiores problemas do que eu tive em meu passado. Sim, porque o MAL trabalha principalmente na mente, e assim é com o estudante de ocultismo. O Mal inocula ideias, forma certezas, muda conceitos e, mais cedo ou mais tarde, isso tudo vai repercutir na vida nos demais planos de existência. A mente profanada pelo Mal há de trazer o mal também para o físico, seja com doença ou com práticas que são abominações aos olhos de Deus.

Aqueles foram dias difíceis para mim. Como crescimento de meu conhecimento, sentia vontade de dividir o que aprendia, mas estudava num dos melhores colégios do Rio de Janeiro, um colégio profundamente Católico, com suas regras e procedimentos. Eu passava quase o dia inteiro na modalidade semi-interno nessa escola. Entrava por volta das 8:00 da manhã e saia por volta das 17:00. Se por um lado a escola era profundamente católica, seus alunos, jovens e como a maioria dos jovens, revoltados com o sistema, eram absolutamente abertos ao oculto.

Rapidamente me tornei uma espécie de celebridade do submundo na escola. Era procurado por alunos de séries mais avançadas que a minha, que buscavam respostas para questões simples como a existência de fantasmas (essa foi a famosa época da “mulher loira do banheiro”) ou das capacidades mentais em ver passado ou futuro. Meus recreios eram divididos entre as brincadeiras de qualquer adolescente normal e das rodinhas escondidas para conversas sobre o ocultismo.

É claro que também existia nessa época uma perseguição velada de alguns alunos, que viam nosso grupo de debates como verdadeiros demônios. Afinal, estávamos em um colégio Beneditino, só para rapazes, e muitos deles vinham de uma tradição onde seus pais também tinham estudado tomado os primeiros sacramentos do catolicismo e mesmo se formado naquela escola. Então, qualquer um que pudesse aventar qualquer assunto que colocasse em dúvida as crenças aprendidas diretamente dos monges com suas vestes negras durante as aulas de religião, seria uma verdadeira heresia.

Mas eu era assim mesmo, fui um verdadeiro cético. Um Tomé bíblico moderno, que só cria no que via e tocava. E já saia do campo intelectual para o prático no campo do oculto. Experiências como as do “copo” ou tabua ouija já chegavam a ser ridículas, e eu precisava de mais. Precisava ver escutar, tocar para crer.


E assim foi...


(DIA 15 TEM MAIS)

10 comentários:

  1. está tão bom que esperar 15 dias é muito tempo rsrsrs. Parabéns!

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  2. Respostas
    1. Sim...
      Achei interessante,o fato de aos 10 anos de idade,ter sido despertado no senhor,o interesse por esse tema.Pois acho o ocultismo um tema muito complexo,ainda mais para uma criança!

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  3. Sim, mas os capítulos são curtos, outros poderiam ser liberados.

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    1. Valéria, a medida que o livro se aprofunda, os capítulos ficam mais longos...se colocar tudo de uma vez, se perde, e fica sem graça... dia 15 tem mais

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  4. Degustei cada palavra. Que experiência incrível... até o dia 15...
    Eulina

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  5. Nossa adorei,estou anciosa para chegar dia 15. Pensei que o livro estava a venda.
    Que Deus continue te usando.
    Um grande abraço
    Aproveito para pedir que ore por minha maezinha.

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